Desde 2003, pelo menos 30 das 38 universidades estaduais brasileiras reservam vagas como parte de uma política de inclusão social.Em 2012, – motivado pelas universidades estaduais –
o governo federal assinou a Lei 12.711, determinando que as universidades federais distribuíssem 50% de suas vagas entre quatro subcotas: candidatos egressos de escolas públicas; candidatos de escolas públicas com baixa renda; candidatos pretos, pardos e indígenas (PPIs) de escolas públicas e PPIs de escolas públicas e baixa renda.
A Lei de Cotas, como ficou conhecida, prevê ainda, dentro da parcela de 50% de vagas reservadas a estudantes que cursaram todo o ensino médio em escolas públicas, uma reserva para pessoas que se declararem negras e pardas, na mesma proporção em que estas estiverem presentes em cada estado.
Com 43,9% de população preta e parda, por exemplo, o Sudeste reservava apenas 4% das vagas federais a esse público em 2012. Com a lei, esse índice chegou a 18% já no ano seguinte.
Até 2012, negros egressos de escolas públicas representavam apenas 7% dos alunos da USP, sendo que 85% dos estudantes de são Paulo estudam na rede pública de ensino e mais de 30% da população do estado se declara negra.
A USP decidiu adotar um sistema de bônus aos alunos de baixa renda, que recebem uma pontuação extra nas provas do vestibular – até 15% no caso da USP, desde que nunca tenham estudado em escola particular. Mas não adotou uma política de cotas étnico raciais ou sociais.
Os estudantes que entraram na universidade por meio do sistema de cotas para negros tendem a valorizar mais a sua vaga do que aqueles que não são cotistas, especialmente nos cursos considerados de baixo prestígio. Essa é uma das conclusões do estudo Efeitos da Política de Cotas na UnB, que aponta que os cotistas negros obtiveram notas melhores do que os demais alunos em 27 cursos da UnB.
No curso de música, por exemplo, as notas dos cotistas são 19% superiores às dos demais estudantes. Eles também se destacam em cursos como matemática, em que a diferença é de 15%, artes cênicas (14%), artes plásticas (14%), ciências da computação (13%) e física/licenciatura (12%).Um levantamento feito na Uerj, em 2003, indicou que 49% dos cotistas foram aprovados em todas as disciplinas no primeiro semestre do ano, contra 47% dos estudantes que ingressaram pelo sistema regular.
No início de 2010, a Uerj divulgou novo estudo, que constatou que, desde que foram instituídas as cotas, o índice de reprovações e a taxa de evasão totais permaneceram menores entre os beneficiados por políticas afirmativas.
Segundo o Ipea, na Universidade de Brasília (UnB), 92,9% dos cotistas foram aprovados desde 2004, quando a política de cotas raciais foi instituída. O índice para os demais universitários foi de 88,9%. A nota média dos cotistas foi de 3,79, contra 3,57 dos demais – na UnB a nota é de 0 a 5.
Não havia nenhum negro dentre os representantes do Conselho Universitário da USP em 2015.
E apenas 1% dos professores da USP se declaram negros.